sábado, dezembro 01, 2007

O que eles andam a ler!


O último livro que acabei de ler foi “Grades Ocultas”
Para mim um livro é “o mundo”, é “descoberta”, “conhecimento” e “sabedoria”, mas o livro é como um amigo ou um companheiro, mas este amigo entra dentro de quem o lê para divertir, cultivar, ou alegrar nas horas tristes e de solidão. Mas também às vezes penso que pode ser “um barco” ou “um avião” e quase sempre leva-nos a uma viagem. Mas sem duvida alguma é a forma de nos levar para os mundos belos e por vezes tristes e ao mesmo tempo um mundo fascinante.

É importante Contar
Calar não é esquecer. Pode-se adiar a denúncia, mas não apagá-la da memória. Hameeda Lakho, uma paquistanesa que vive na Holanda desde os quatro anos de idade revolta entre palavras uma privada e exposta vingança. Maltratada pelo pai, separada da mãe, proibida de manter qualquer ligação às suas raízes, vive em casa uma verdadeira prisão. Sem amor, sem piedade, o pai trata-a como o mesmo desprezo com que se trata uma criada. A retirada aos treze anos acalma a dor física mas não a emocional. O vazio mantém-se, apenas a maternidade altera a sua forma de lidar com a dor. Agora já não quer esconder, quer contar. Amando as filhas não entende a falta de amor dos pais. Este livro grita a injustiça, aclara-se uma esperança de reencontro, mas acima de tudo conta o caminho de sobrevivência de uma mulher.

«Grades Ocultas» é uma forma de vingança ou uma exigência de justiça?
Este livro é uma arma de vingança, mas também se pode dizer que é uma procura de justiça. Tentando alertar e informar o Ocidente sobre o que se passa, não apenas por Hameeda Lakho, mas porque existem muitas outras raparigas como ela e como as suas irmãs. Nem todas terão um pai violento, mas muitas vivem o isolamento e o golpe de raízes. Mesmo no estrangeiro, por detrás dessa ruptura, sobrevivem as correntes emocionais.
A sua integração é activamente destruída pela rejeição paterna de uma educação ocidental que poderia garantir-lhes uma firme formação e uma vida social livre. A tradição patriarcal determina as suas vidas até à idade adulta e qualquer tentativa de fuga implica o ser-se expulso para sempre da comunidade.
Por isso, só em adulta Hameeda Lakho atreveu-se a enfrentar tudo o que tinha perdido e tudo o que tinha sofrido em criança.


Débora Cavaco
11ºano – Acção Social



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