sexta-feira, junho 13, 2008

ÁLVARO DE CAMPOS


Sim, sou eu , eu mesmo, tal qual resultei de tudo,

Espécie de acessório ou sobresselente próprio,

Arredores irregulares da minha emoção sincera,

Sou eu daqui em mim, sou eu.


Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.

Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.

Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.


(...)


De haver em mim do que eu.


Sou eu mesmo, a charada sincopada

Que ninguém da roda decifrar nos serões de província.


Sou eu mesmo, que remédio!...


in Poesias, Álvaro de Campos

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