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Titanic encalha na estação do Rossio
Depois de 90 anos debaixo de água, os destroços do maior navio da história estão na Estação do Rossio. Por Catarina Mendonça Ferreira.
É possível que ao ouvir falar em Titanic lhe venha à memória um Leonardo di Caprio de suspensórios e uma Kate Winslet empoleirados na proa do navio. “A diferença entre o filme e a exposição que inaugurou agora em Lisboa é que isto é a realidade”, diz José Cordeiro da Desejo Sem Limites, empresa que trouxe a disputadíssima exposição a Portugal.
Os objectos que foram resgatados pela empresa RMS Titanic desde 1994 são mais de cinco mil. E nesta exposição podem ser vistos cerca de 230, incrivelmente bem conservados. Óculos, panelas que serviram mais de 62 mil refeições, frascos de perfume que ainda conservam a fragrância, calças, jóias, garrafas do melhor champanhe ainda com o precioso líquido ou pratos para o forno encontrados na areia como peças de dominó, depois da madeira dos armários ter apodrecido.
Para dar o devido valor àquilo que o visitante vai ver , é preciso conhecer toda a história do maior e mais ambicioso navio alguma vez construído. E perceber que durante 90 anos os destroços do navio que na madrugada de 15 de Abril de 1912 embateu contra um icebergue e se partiu em dois, estiveram debaixo de água. Por trás desta exposição está um trabalho hercúleo e minucioso que envolveu várias descidas a 3800 metros de profundidade, no Atlântico Norte. Cada descida demorava duas horas e meia.
O fascínio em torno da história do Titanic é quase tão antigo como as pirâmides do Egipto. Um interesse que José Cordeiro atribui ao facto de o navio ser um dos mais luxuosos alguma vez construídos. Tinha ginásio, água quente e fria e as suites de primeira classe tinham três e quatro quartos. Ter estado submerso durante 90 anos contribuiu para adensar o mistério. “E o que mais impressiona é que ainda hoje se continuam a construir Titanics”, refere. “O ataque às Torres Gémeas é o Titanic dos nossos dias. Durante anos vai contar-se a sua história”, compara José Cordeiro.
A exposição oferece alguma possibilidade de interacção. Pode- -se tocar num pedaço do casco ou ainda numa réplica de um icebergue de oito metros e sentir como estava fria a água do mar na noite em que o Titanic se afundou. Dois graus negativos.
Através das peças é possível reconstituir algumas das histórias dos passageiros, da primeira à terceira classe. O perfumista Adolf Saafeld que viajava para Nove Iorque para vender as suas amostras ou o homem que usava um nome falso porque viajava com a amante. Histórias diferentes que tinham em comum a esperança de uma vida nova na América.
A visita a esta exposição é uma oportunidade a não desperdiçar. Tudo o que foi possível recuperar do Titanic está nas mãos da empresa que o construiu. A maior parte do casco não foi recuperado e está a ser ferozmente comida por micróbios que se alimentam de ferro. Os cientistas prevêem o colapso do Titanic no espaço de 40 a 90 anos.
“Titanic, The Artifact Exhibition” está na Estação do Rossio até ao final de Julho, todos os dias das 10.00 às 21.00. O preço dos bilhetes varia entre 12,50€ (adulto durante a semana) e os 14,50€ (adulto aos fins-de-semana e feriados). Há bilhetes familiares e descontos para estudantes e grupos. Aconselha-se a compra antecipada para não ter de esperar na fila. À venda em: Fnac, bilheteiras da exposição, Abreu, Ticketline, através do 707 234 234 e em www.titaniclisboa.com.
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