sexta-feira, maio 29, 2020

O QUE ACONTECE AO NOSSO CÉREBRO QUANDO LEMOS POESIA





Saiba o que acontece ao seu
 cérebro quando você lê poesia




       Por Jennifer Delgado Suárez, psicóloga
      Poesia são dardos em forma de palavras que vão direto para a parte mais emocional do nosso
 cérebro. Há poemas que despertam um tsunami emotivo real e nos arrepiam, como “A Primeira
 Elegia”, de Rainer Maria Rilke, cujos versos dizem:
“A beleza é nada mais que o princípio do terrível,
Aquilo que somos apenas capazes de suportar,
Aquilo que admiramos porque serenamente deseja nos destruir,
Todo anjo é terrível. ” 
   Rilke descreveu o terror que sentimos quando adquirimos um conhecimento mais amplo, o
 momento em que ficamos mais conscientes de nossas limitações e da complexidade do mundo, e
 percebemos tudo o que não entendemos, conscientes daquilo que nunca iremos compreender.
 É uma possibilidade bela e sedutora, mas também muito assustadora.
A poesia tem a capacidade de enviar poderosas mensagens emocionais e ativar a reflexão, ainda que
 seja certo dizer que o maior prazer que sentimos ao ler um poema, como quando desfrutamos de
 uma obra de arte, não provém de uma reflexão profunda, mas de sensações que nós experimentamos.
 Na verdade, Vladimir Nabokov disse que não se deve ler com o coração ou com o cérebro, mas com
 o corpo.Pesquisadores do Instituto Max Planck de Estética Empírica se propuseram a explorar mais a
 fundo as influências da poesia em nosso
 cérebro, e os resultados de seu estudo são fascinantes.
A poesia gera mais prazer, a nível cerebral, que a música.
Pesquisadores pediram a um grupo de pessoas, alguns liam poesia com frequência, para ouvir poemas
 lidos em voz alta. Alguns dos poemas pertenciam a conhecidos poetas alemães como Friedrich Schiller,
 Theodor Fontane e Otto Ernst, apesar de que foi dada a opção para os participantes escolherem
 algumas obras, incluindo autores como William Shakespeare, Johann Wolfgang von Goethe, Friedrich
 Nietzsche, Edgar Allan Poe, Paul Celan e Rilke.
Enquanto os voluntários escutavam os poemas, os pesquisadores registravam o ritmo cardíaco,
 expressões faciais e até mesmo os movimentos dos pelos sobre a pele. Além disso, quando
 as pessoas sentiam um arrepio, elas eram instruídas a avisar, pressionando um botão.

Curiosamente, todas as pessoas, mesmo aquelas que não tinham costume de ler poesia,
 relatavam calafrios em algum momento durante e leitura, 40% sentiram arrepios várias
 vezes. Estas são respostas similares àquelas que experimentamos quando escutamos música
 ou assistimos a uma cena de um filme que gera grande ressonância emocional.

No entanto, as respostas neurológicas estimuladas pela poesia eram únicas. Os dados mostraram

 que ao tomar contato com os poemas, partes do cérebro usualmente desativadas quando

 expostas ao estímulo de filmes e música foram despertadas.

Os neurocientistas descobriram que a poesia cria um estado que chamaram de “pré-relaxamento”;
 ou seja, que provoca uma reação de prazer gradativo a cada estrofe escutada. Na prática, ao
 invés da emoção nos invadir repentinamente, como quando escutamos uma canção, a poesia
 gera um crescendo emocional que começa até 4,5 segundos antes de sentirmos o arrepio.
Curiosamente, esses picos emocionais ocorriam especificamente em trechos dos versos, como
 no final das estrofes e, acima de tudo, no final da poesia. É uma descoberta muito interessante,
 especialmente considerando-se que 77% dos participantes que nunca tinha escutado um poema
 também mostraram as mesmas reações e sinais neurológicos que antecipavam os focos emocionais
 da leitura.
A poesia estimula a memória, facilita a introspecção e nos relaxa.
Neurocientistas da Universidade de Exeter escanearam os cérebros de um grupo de participantes
 enquanto liam conteúdos diferentes, desde um manual de instalação de ar-condicionado,
 passando por diálogos de novela, até sonetos e poemas.
Estes pesquisadores descobriram que o nosso cérebro processa a poesia de forma diferente
 que a prosa. É ativada uma “rede de leitura” peculiar que abraça diferentes áreas, entre elas, aquelas
 responsáveis pelo processamento emocional, ativadas fundamentalmente pela música.
Eles também perceberam que a poesia estimula áreas do cérebro associadas com a memória,
 como o córtex cingulado posterior e o lobo temporal médio, áreas que são despertadas quando
 estamos relaxados, ou introspectivos.
Isto demonstra que existe algo muito especial na estrutura do texto poético que gera prazer. 
Na verdade, a poesia é uma expressão literária muito especial que transmite sentimentos,
 pensamentos e ideias, praticando síntese métrica, trabalhando rimas e aliteração.
Portanto, não faz mal inserir um poema por dia em nossa rotina 🙂
Texto originalmente publicado no site Rincón de la Pscicología, traduzido e livremente adaptado
 pela equipe da Revista Pensar Contemporâneo.

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