quarta-feira, outubro 20, 2010

Exposição «Os Gémeos» CCB




Com algum atraso, porque há um mês que a exposição fechou.

«É possível que já tenha passado por criações da autoria deles, nas ruas de São Paulo, Berlim, Londres ou Nova Iorque. São fáceis de identificar. Normalmente são cenas etéreas povoadas de amarelos e roxos, com olhos inocentes, crianças de pernas franzinas e cabeças enormes, inscritas em murais de grandes dimensões, em prédios devolutos. É difícil não fixar essas imagens pictóricas. Pela escala, poesia e forma como interagem com o espaço envolvente. Criam um clima de romantismo na desordem urbana.

A dupla brasileira Os Gémeos, os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, 35 anos, são duas das figuras mais importantes do graffiti, ou arte de rua. Nos últimos anos já não criam apenas nas artérias das grandes cidades. São também solicitados para expor em galerias, bienais, museus. (...)»

«As suas criações contemplam visões do quotidiano, cenas simples mas sensualmente ricas, evocações dos esquecidos das margens da sociedade ou retratos comoventes de famílias. É um imaginário sonhador e intimista, às vezes burlesco e possuído pela crítica social, aquele que por norma propõem.
Quando interrogamos Gustavo sobre o que os inspira, a resposta surge em rajada: "O nosso trabalho reflecte as vivências, o olhar, os sonhos, as histórias, os relacionamentos familiares, a poesia, a música, a comida, o folclore do Brasil, o silêncio, pessoas que vivem com salários de miséria mas estão sorrindo, tudo isso é filtrado."
É caso para dizer que a arte de rua, durante décadas desvalorizada, já não se move apenas no maior museu a céu aberto do mundo, a rua, mas também nos espaços museológicos que, durante anos, tinham reticências em aceitá-la. Nunca como no contexto actual as técnicas do graffiti pareceram tão próximas das dinâmicas regulares da arte contemporânea. Na rua, ou na galeria, o traço pictórico lúdico que Os Gémeos colocam na sua actividade é reconhecido, tem identidade, projectando ideias que tornam a vida mais interpeladora. Se isso não é arte é o quê?»

do Blog: Diário de uma Sobrevivente da Crise

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