Deixo aqui uma passagem da entrevista e do extracto.
"Eu não falo com o leitor! As personagens e o autor é que se interpelam entre eles. E, por vezes, o autor interpela-se a si porque talvez seja também um livro sobre teoria da literatura, que é uma coisa sobre que gostava de escrever e nunca o farei porque só tenho uma vida. Precisava de ter dez vidas: oito para escrever, uma para ser médico e outra para escrever sobre teoria da literatura. O livro é muito ambicioso e talvez seja o mais ambicioso que escrevi porque queria que fosse muitas coisas."
"Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar"
"Haverá noite para este dia digam-me, uma altura em que deixo de distinguir o salgueiro e depois do salgueiro a janela, os móveis desaparecem porque não acendemos a luz, ficam as pegas de metal a brilhar um momento, um frémito nas portas que ninguém gira, os meus irmãos procurando-se e eu em busca da saída dado que principiaram as dores e não acho o caminho da rua, apercebo-me do alpendre onde a lanterna baloiça na corrente, ao regressar ao baldio via-a na esquina e acalmava, estou a chegar, estou em casa, não me fazem mal já, o quintal fechava-se- -me sobre o corpo e escondia-me, nenhuma cólica, nenhum suor, a paz e com a paz a indecisão da madrugada no peitoril"
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