A profª Cristina Silveira, Presidente do Conselho Executivo, fez as honras da casa e, na mesa, deu a direita à autora.
A profª Orlanda Pina (à esquerda na imagem) leu excertos da obra.
Transcreve-se a seguir o texto da apresentação do livro e da autora que esteve a cargo da profª Mariana Pinheiro (à direita na foto).
"Um livro, qualquer livro, é um percurso ou, pelo menos, a face visível de um.
Este, para além disso, é, concomitantemente, um livro sobre percursos, percursos interiores e, eventualmente, de acordo com a leitura que cada um dele fizer, sobre O Percurso o grande, o que dá profundo sentido à vida.
Reflexo ou consubstanciação de uma preocupação constante com a busca do Caminho, esta obra guia-nos de uma forma inteligente e sensível não nos apresentando princípios sem que, em simultâneo, nos não proponha a sua experimentação.
Busca do caminho essa para qual será primordial o equilíbrio entre a disciplina que implica e a benevolência, o amor ou a compaixão.
Creio poder afirmar ser esta uma escrita onde nos vamos encontrando amiúde, prova do conhecimento da natureza humana que patenteia.
Como afirma Francisco Coelho no prefácio ao mesmo “Este livro tem, uma finalidade prevalentemente pedagógica: ensina a perguntar e a responder, isto é, a ser responsável. Nesta perspectiva o peregrino não se afasta nem se isola: une-se. E a peregrinação assim entendida, além de movimento de libertação, é também de repouso, de permeabilidade e de disponibilidade” e “É uma alegria poder ter-se a certeza de que o maravilhoso existiu e existe e de que a certificação de cada prodígio, individualmente considerado, obedece às mesmas regras que a de qualquer acontecimento natural: uma testificação (...) ajuizada por entidades competentes” ou seja “acima de qualquer suspeita de anteporem à indagação o preconceito.”
O Céu dentro de Nós estrutura-se em duas grandes partes.
Uma primeira de exposição dos princípios básicos da filosofia Rosacruz, correspondendo aos primeiros oito capítulos e uma segunda intitulada O dia-a-dia do peregrino.
Nesta segunda parte consegue-se justapor a intemporalidade dos princípios à vivência circunstanciada dos nossos dias, ao ritmo acelerado que os caracteriza e, ao mesmo tempo, ao ritmo individual de cada um.
Nos diferentes capítulos, como num burilado trabalho artesanal surgem ainda, de quando em vez, incrustadas as “Pausas ao Luar” são textos curtos onde se sugere a meditação como modo de vivenciar princípios, de outra forma necessariamente ocos, distantes ou exteriores.
Repleto de imagens de indiscutível qualidade poética, este é um livro cuja tecedura nos remete para a urgência do alargamento da consciência, na senda pessoal de cada um, assim como da abertura de espírito.
Abertura de espírito de que se faz prova quando se convida alguém para apresentar este livro que não se define como sendo Rosacruz, como é o caso presente.
Abertura de espírito, também, quando todas as correntes filosóficas são passíveis de ser apresentadas numa escola pública.
Em particular num momento em que fundamentalismos vários extremam limites e acontecimentos de amplitude histórica ou pontuais no nosso quotidiano nos fazem pensar que se as fogueiras voltassem (as da Inquisição, obviamente) não teriam falta de assistência.
Permitam-me pois que, em véspera de mais um aniversário da revolução portuguesa lhes recorde umas palavras de outra revolução. Falo da revolução francesa e das palavras habitualmente atribuídas a Voltaire « Je ne suis pas d’accord avec ce que vous dites, mais je me battrai jusqu’à la mort pour que vous ayez le droit de le dire», ou seja, “Não estou de acordo com o que diz mas bater-me-ei, até ao final, para que tenha o direito de o dizer”
Perfilhando ou não os princípios Rosacruz, este é um livro onde muitas vezes encontramos a verbalização de algumas verdades que sempre soubemos e para as quais nos faltaram palavras. De muito do que sabemos porque sentimos e sentimos porque sabemos, sem que tal conhecimento passe por uma verbalização, nossa ou de terceiros.
E concluo citando uma frase do livro emblemática para qualquer um que se disponha a trilhar um caminho interior e verdadeiro, na trilha Rosacruz ou noutra: “Herdeiros de um país algures em nós, resta-nos a cruzada por terras sinuosas e escuras.” E acrescentaria , não escuras porque o tenham de ser mas porque nos cabe a nós iluminá-las."
Mariana Pinheiro